Definição
de crédito:
O
crédito é uma fonte adicional de recursos que não são seus, mas
obtidos de terceiros (bancos, financeiras,
cooperativas de crédito e outros), que possibilita a antecipação
do consumo para aquisição
de bens ou contratação de serviços. Existem várias modalidades de
crédito. Por exemplo:
limite do cheque especial, cartão de crédito, empréstimos,
financiamentos imobiliários ou
de veículos, compra a prazo em lojas comerciais. É muito importante
para sua vida financeira saber escolher a modalidade de crédito mais
adequada para cada situação. Com a devida compreensão dos custos
envolvidos nas operações de crédito, é mais fácil o uso do
crédito de forma consciente.
Valor
do dinheiro no tempo:
Ao
falar sobre crédito é preciso, inicialmente, fazermos algumas
reflexões sobre os juros. Para facilitar
a nossa reflexão, vamos tratar os juros como sendo o valor do
aluguel do dinheiro no tempo.
Na visão de quem paga, os juros correspondem ao pagamento do
“aluguel” pela utilização de
recursos de terceiros, no caso, o dinheiro. Ao comprarmos um produto
qualquer, uma televisão, por
exemplo, a prazo, recebemos um benefício antecipado (ter o produto)
para pagarmos depois. Essa
opção quase sempre implica o pagamento de juros, pois estamos
usufruindo de algo, pago com
dinheiro que não temos. Pensando na visão de quem recebe, os juros
correspondem ao recebimento
do aluguel por ceder, de forma temporária, de recursos financeiros
próprios a terceiros.
Atenção
aos juros:
Poder dos juros no tempo: Para
estudar o poder dos juros no tempo, é preciso, primeiramente,
conhecer a diferença entre juros simples e juros compostos.
Juros
simples são aqueles pagos somente sobre o valor principal.
Exemplo:
Ao tomarmos emprestados R$1.000,00, por 6 meses, com taxa simples de
5% a.m. (ao mês),
ao final do período, a nossa dívida será de R$1.300,00, ou seja,
R$1.000,00 do capital + R$50,00
(5% de R$1.000,00) por mês x 6 meses = R$1.000,00+ R$300,00.
Juros
compostos são aqueles que, após cada período de capitalização –
normalmente um
mês –, são incorporados ao capital principal e passam, por sua
vez, a também render
juros. Tratam-se dos chamados “juros sobre juros” ou “juros
capitalizados”.
No
mesmo exemplo anterior, caso fossem utilizados os juros compostos, a
dívida ao final do período
seria de R$1.340,10, ou seja:
• 1º
mês: R$1.000,00 (capital principal) + R$50,00 (5% de R$1.000,00) =
R$1.050,00;
• 2º
mês: R$1.050,00 (capital principal + juros) + R$52,50 (5% de
R$1.050,00) = R$1.102,50;
• 3º
mês: R$1.102,50 + R$55,13 (5% de R$1.102,50) = R$1.157,63;
• 4º
mês: R$1.157,63 + R$57,88 (5% de R$1.157,63) = R$1.215,51;
• 5º
mês: R$1.215,51 + R$60,77 (5% de R$1.215,51) = R$1.276,28;
• 6º
mês: R$1.276,28 + R$63,82 (5% de R$1.276,28) = R$1.340,10.
Uso
do crédito:
É importante que se perceba que o
crédito pode ser vantajoso ou problemático,
tanto para o tomador como para o fornecedor do crédito, quando não
são tomados os devidos cuidados. A
instituição que concede crédito recebe juros como remuneração
pelo capital emprestado, porém deve
atentar para a capacidade de pagamento do tomador, do contrário
corre um risco muito alto
de não receber o valor emprestado de volta e assim ter graves
problemas financeiros. Confira
as vantagens e as desvantagens para o tomador do crédito.
Vantagens:
• Antecipar
consumo –
Muitas vezes, precisamos comprar um produto ou contratar um serviço, porém
não dispomos de recursos sufi cientes. O crédito nos possibilita
resolver essa situação.
• Atender
a emergências –
Imprevistos acontecem com frequência: acidente com o veículo, serviço
emergencial na residência, alguém da família com problema de saúde
quando não estamos
financeiramente preparados. O uso do crédito pode ser a saída nesse
momento.
• Aproveitar
oportunidades –
Boas oportunidades para fechar um negócio ou fazer uma compra
às vezes acontecem e nem sempre, naquele momento, temos condições
financeiras para
aproveitá-las. Faça as contas, levando em conta o custo do crédito.
Se ainda assim for vantajoso,
e você não estiver endividado, por que não aproveitar a
oportunidade? Ao
utilizar o crédito, sempre verifique o seu custo. Compare os preços
e custos do crédito. Pechinche!
Faça o que for mais vantajoso para você.
Desvantagens:
• Custo
da antecipação do consumo com o uso do crédito implica pagamento
de juros
–
A primeira desvantagem em relação ao uso do crédito é o pagamento
de juros. Ao
anteciparmos a compra de um produto ou a contratação de um serviço
sem a devida disponibilidade
financeira, usaremos um dinheiro que não é nosso, portanto
pagaremos juros por
essa operação. Esse é o custo da antecipação.
• Risco
de endividamento excessivo –
O uso inadequado do crédito pode levar ao endividamento
excessivo e comprometer toda a sua vida financeira, podendo acarretar descontrole
emocional, problemas de saúde e, até mesmo, desestruturação
familiar. Assim, é importante
refletir antes de tomar crédito e não o utilizar de forma
indiscriminada.
• Limite
de consumo futuro –
Outra desvantagem de tomar crédito consiste em limitar o consumo
futuro. Essa desvantagem é quase automática, uma vez que o crédito
tomado hoje tem
de ser pago no futuro, reduzindo, portanto, as disponibilidades
financeiras futuras para o consumo.
Essa desvantagem traduz aquele ponto, já discutido, sobre as trocas
intertemporais.
Dívidas:
Dívidas
são um assunto delicado. Muitos problemas podem surgir se não
soubermos lidar bem com
elas. Normalmente consideramos que estamos endividados apenas quando
não estamos dando conta de pagar os nossos compromissos. Isso não é
verdade. Quando não conseguimos pagar as dívidas assumidas, já
estamos em um patamar de endividamento muito preocupante, que é o
endividamento excessivo. Na verdade, toda
vez que consumimos algo e não pagamos naquele exato momento, estamos
assumindo uma dívida.
É essencial reconhecermos que é comum deixarmos, durante o mês,
muitas coisas para pagamento futuro. Daí a importância de controlar
de perto os gastos, principalmente os a prazo, atentos para que o
acúmulo de contas não leve ao descontrole do orçamento.
Origens
das dívidas
Despesas
sazonais –
As despesas sazonais, aquelas que ocorrem em determinada época do ano,
como pagamento de IPTU, IPVA, Imposto de Renda ou material escolar,
nem sempre são observadas
ao se fazer um planejamento. É comum, no início do ano, as famílias
terem dificuldades em
função dessas despesas. Existem ainda as datas comemorativas, como
Natal, Dia das Mães, Dia
das Crianças, aniversários etc. A falta de planejamento e controle
pode implicar desembolsos “inesperados”,
o que, às vezes, podem levar à necessidade de contratar uma
operação de crédito
(tomar um empréstimo ou financiamento). Se você deseja minimizar a
possibilidade de se
endividar, a dica é: planeje-se.
Marketing
sedutor
–
As técnicas de vendas e a tecnologia colocada à disposição dos
profissionais
de
marketing,
ao mesmo tempo em que impulsionam as vendas, também impulsionam
compras não
planejadas ou realizadas por impulso, podendo provocar desequilíbrios
orçamentários e financeiros,
ou até mesmo superendividamento. Convém, então, estar atento aos
atrativos do marketing
sedutor
e ao compromisso com o cumprimento do planejamento financeiro pessoal ou
familiar.
Orçamento
deficitário –
É comum encontramos pessoas desejando e usufruindo um padrão de
vida acima do padrão de renda que possuem. As facilidades
determinadas pelo crédito fácil propiciam
um excesso de compras a prazo que, muitas vezes, comprometem a
situação financeira das
famílias. Cuidar do orçamento familiar de forma a estar sempre
superavitário deve ser uma constante
busca de todos nós. Portanto, é fundamental colocarmos em prática
o que aprendemos sobre
a elaboração do orçamento.
Redução
de renda sem redução de despesas –
Essa é outra questão importante a ser avaliada,
podendo ser a porta da entrada para o endividamento excessivo. A
perda de emprego ou
de parte da renda familiar sem a devida redução nas despesas pode,
facilmente, levar uma família
ao endividamento excessivo. Portanto, ao deparar-se com uma redução
de renda, é fundamental
fazer uma cuidadosa revisão do orçamento pessoal e familiar,
adequando as despesas à
nova realidade.
Despesas
emergenciais –
Imprevistos acontecem. Um defeito ou uma batida no veículo,ou problemas
de saúde na família são exemplos corriqueiros. Entretanto, nem
sempre estamos preparados
financeiramente para superar esses obstáculos. Logo, fazer uma
poupança para cobrir eventualidades
é um importante cuidado para você não cair no endividamento. Outra
forma de
tratar as despesas emergenciais é por meio da prevenção, fazendo
um seguro.
Separação
de bens, mas não dos gastos (divórcio) –
Muitos casais, ao terminarem o relacionamento,
separam-se e dividem os bens que possuíam. Alguns gastos que eram
únicos ao casal,
como contas de água, luz, condomínio etc., agora têm de ser pagos
de forma individual. Ou
seja, enquanto antes existia uma conta de condomínio, agora existem
duas. Por outro lado, a
receita também mudou. Agora cada um tem a sua renda. Eventualmente
pode haver, inclusive, o
pagamento de pensão alimentícia. Obviamente, ambos têm de se
ajustar a essa nova realidade financeira
para evitar o endividamento.
a. Pouco
conhecimento financeiro –
O fato de as pessoas desconhecerem produtos financeiros é
também determinante para que fiquem endividadas. Não conhecer o
impacto que o pagamento de
juros pode causar no orçamento pessoal e familiar e a não leitura
dos contratos firmados são situações que contribuem efetivamente para o processo de
endividamento.
b.
Consequências do endividamento excessivo
O
endividamento excessivo pode trazer sérias consequências
financeiras e, até mesmo, morais. Como
consequências financeiras do endividamento excessivo, podemos citar:
perda de patrimônio,
comprometimento
da renda com pagamento de juros e multas punitivas, redução do
consumo futuro.
Eventualmente,
se
a dívida virar inadimplência, o indivíduo pode passar a ter o seu nome
inscrito em um ou mais cadastros de restrição ao crédito,
como Serasa ou Serviço Central
de Proteção ao Crédito (SCPC).No caso de quem emitiu cheques sem a
suficiente provisão
de fundos, o nome vai para o Cadastro de Emitentes de Cheques sem
Fundos (CECF). Uma
pessoa que esteja com elevado grau de endividamento acaba, em geral,
comprometendo sua
qualidade de vida e de sua família, muitas vezes desestruturando o
núcleo familiar. Tomar
os cuidados para não cair no endividamento pode evitar esses
dissabores financeiros e morais.
Porém, se o superendividamento já é uma realidade, a opção é
buscar alternativas para sair
dele.