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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Uso do Crédito

Definição de crédito:
O crédito é uma fonte adicional de recursos que não são seus, mas obtidos de terceiros (bancos, financeiras, cooperativas de crédito e outros), que possibilita a antecipação do consumo para aquisição de bens ou contratação de serviços. Existem várias modalidades de crédito. Por exemplo: limite do cheque especial, cartão de crédito, empréstimos, financiamentos imobiliários ou de veículos, compra a prazo em lojas comerciais. É muito importante para sua vida financeira saber escolher a modalidade de crédito mais adequada para cada situação. Com a devida compreensão dos custos envolvidos nas operações de crédito, é mais fácil o uso do crédito de forma consciente.

Valor do dinheiro no tempo:
Ao falar sobre crédito é preciso, inicialmente, fazermos algumas reflexões sobre os juros. Para facilitar a nossa reflexão, vamos tratar os juros como sendo o valor do aluguel do dinheiro no tempo. Na visão de quem paga, os juros correspondem ao pagamento do “aluguel” pela utilização de recursos de terceiros, no caso, o dinheiro. Ao comprarmos um produto qualquer, uma televisão, por exemplo, a prazo, recebemos um benefício antecipado (ter o produto) para pagarmos depois. Essa opção quase sempre implica o pagamento de juros, pois estamos usufruindo de algo, pago com dinheiro que não temos. Pensando na visão de quem recebe, os juros correspondem ao recebimento do aluguel por ceder, de forma temporária, de recursos financeiros próprios a terceiros.

Atenção aos juros:
Poder dos juros no tempo: Para estudar o poder dos juros no tempo, é preciso, primeiramente, conhecer a diferença entre juros simples e juros compostos.

Juros simples são aqueles pagos somente sobre o valor principal.
Exemplo: Ao tomarmos emprestados R$1.000,00, por 6 meses, com taxa simples de 5% a.m. (ao mês), ao final do período, a nossa dívida será de R$1.300,00, ou seja, R$1.000,00 do capital + R$50,00 (5% de R$1.000,00) por mês x 6 meses = R$1.000,00+ R$300,00.

Juros compostos são aqueles que, após cada período de capitalização – normalmente um mês –, são incorporados ao capital principal e passam, por sua vez, a também render juros. Tratam-se dos chamados “juros sobre juros” ou “juros capitalizados”.
No mesmo exemplo anterior, caso fossem utilizados os juros compostos, a dívida ao final do período seria de R$1.340,10, ou seja:
1º mês: R$1.000,00 (capital principal) + R$50,00 (5% de R$1.000,00) = R$1.050,00;
2º mês: R$1.050,00 (capital principal + juros) + R$52,50 (5% de R$1.050,00) = R$1.102,50;
3º mês: R$1.102,50 + R$55,13 (5% de R$1.102,50) = R$1.157,63;
4º mês: R$1.157,63 + R$57,88 (5% de R$1.157,63) = R$1.215,51;
5º mês: R$1.215,51 + R$60,77 (5% de R$1.215,51) = R$1.276,28;
6º mês: R$1.276,28 + R$63,82 (5% de R$1.276,28) = R$1.340,10.

Uso do crédito:
É importante que se perceba que o crédito pode ser vantajoso ou problemático, tanto para o tomador como para o fornecedor do crédito, quando não são tomados os devidos cuidadosA instituição que concede crédito recebe juros como remuneração pelo capital emprestado, porém deve atentar para a capacidade de pagamento do tomador, do contrário corre um risco muito alto de não receber o valor emprestado de volta e assim ter graves problemas financeiros. Confira as vantagens e as desvantagens para o tomador do crédito.

Vantagens:
Antecipar consumo – Muitas vezes, precisamos comprar um produto ou contratar um serviço, porém não dispomos de recursos sufi cientes. O crédito nos possibilita resolver essa situação.
Atender a emergências – Imprevistos acontecem com frequência: acidente com o veículo, serviço emergencial na residência, alguém da família com problema de saúde quando não estamos financeiramente preparados. O uso do crédito pode ser a saída nesse momento.
Aproveitar oportunidades – Boas oportunidades para fechar um negócio ou fazer uma compra às vezes acontecem e nem sempre, naquele momento, temos condições financeiras para aproveitá-las. Faça as contas, levando em conta o custo do crédito. Se ainda assim for vantajoso, e você não estiver endividado, por que não aproveitar a oportunidade? Ao utilizar o crédito, sempre verifique o seu custo. Compare os preços e custos do crédito. Pechinche! Faça o que for mais vantajoso para você.

Desvantagens:
Custo da antecipação do consumo com o uso do crédito implica pagamento de juros – A primeira desvantagem em relação ao uso do crédito é o pagamento de juros. Ao anteciparmos a compra de um produto ou a contratação de um serviço sem a devida disponibilidade financeira, usaremos um dinheiro que não é nosso, portanto pagaremos juros por essa operação. Esse é o custo da antecipação.
Risco de endividamento excessivo – O uso inadequado do crédito pode levar ao endividamento excessivo e comprometer toda a sua vida financeira, podendo acarretar descontrole emocional, problemas de saúde e, até mesmo, desestruturação familiar. Assim, é importante refletir antes de tomar crédito e não o utilizar de forma indiscriminada.
Limite de consumo futuro – Outra desvantagem de tomar crédito consiste em limitar o consumo futuro. Essa desvantagem é quase automática, uma vez que o crédito tomado hoje tem de ser pago no futuro, reduzindo, portanto, as disponibilidades financeiras futuras para o consumo. Essa desvantagem traduz aquele ponto, já discutido, sobre as trocas intertemporais.

Dívidas:
Dívidas são um assunto delicado. Muitos problemas podem surgir se não soubermos lidar bem com elas. Normalmente consideramos que estamos endividados apenas quando não estamos dando conta de pagar os nossos compromissos. Isso não é verdade. Quando não conseguimos pagar as dívidas assumidas, já estamos em um patamar de endividamento muito preocupante, que é o endividamento excessivo. Na verdade, toda vez que consumimos algo e não pagamos naquele exato momento, estamos assumindo uma dívida. É essencial reconhecermos que é comum deixarmos, durante o mês, muitas coisas para pagamento futuro. Daí a importância de controlar de perto os gastos, principalmente os a prazo, atentos para que o acúmulo de contas não leve ao descontrole do orçamento.

Origens das dívidas
Despesas sazonais – As despesas sazonais, aquelas que ocorrem em determinada época do ano, como pagamento de IPTU, IPVA, Imposto de Renda ou material escolar, nem sempre são observadas ao se fazer um planejamento. É comum, no início do ano, as famílias terem dificuldades em função dessas despesas. Existem ainda as datas comemorativas, como Natal, Dia das Mães, Dia das Crianças, aniversários etc. A falta de planejamento e controle pode implicar desembolsos inesperados”, o que, às vezes, podem levar à necessidade de contratar uma operação de crédito (tomar um empréstimo ou financiamento). Se você deseja minimizar a possibilidade de se endividar, a dica é: planeje-se.
Marketing sedutor – As técnicas de vendas e a tecnologia colocada à disposição dos profissionais
de marketing, ao mesmo tempo em que impulsionam as vendas, também impulsionam compras não planejadas ou realizadas por impulso, podendo provocar desequilíbrios orçamentários e financeiros, ou até mesmo superendividamento. Convém, então, estar atento aos atrativos do marketing sedutor e ao compromisso com o cumprimento do planejamento financeiro pessoal ou familiar.
Orçamento deficitário – É comum encontramos pessoas desejando e usufruindo um padrão de vida acima do padrão de renda que possuem. As facilidades determinadas pelo crédito fácil propiciam um excesso de compras a prazo que, muitas vezes, comprometem a situação financeira das famílias. Cuidar do orçamento familiar de forma a estar sempre superavitário deve ser uma constante busca de todos nós. Portanto, é fundamental colocarmos em prática o que aprendemos sobre a elaboração do orçamento.
Redução de renda sem redução de despesas – Essa é outra questão importante a ser avaliada, podendo ser a porta da entrada para o endividamento excessivo. A perda de emprego ou de parte da renda familiar sem a devida redução nas despesas pode, facilmente, levar uma família ao endividamento excessivo. Portanto, ao deparar-se com uma redução de renda, é fundamental fazer uma cuidadosa revisão do orçamento pessoal e familiar, adequando as despesas à nova realidade.
Despesas emergenciais – Imprevistos acontecem. Um defeito ou uma batida no  veículo,ou problemas de saúde na família são exemplos corriqueiros. Entretanto, nem sempre estamos preparados financeiramente para superar esses obstáculos. Logo, fazer uma poupança para cobrir eventualidades é um importante cuidado para você não cair no endividamento. Outra forma de tratar as despesas emergenciais é por meio da prevenção, fazendo um seguro.
Separação de bens, mas não dos gastos (divórcio) – Muitos casais, ao terminarem o  relacionamento, separam-se e dividem os bens que possuíam. Alguns gastos que eram únicos ao casal, como contas de água, luz, condomínio etc., agora têm de ser pagos de forma individual. Ou seja, enquanto antes existia uma conta de condomínio, agora existem duas. Por outro lado, a receita também mudou. Agora cada um tem a sua renda. Eventualmente pode haver, inclusive, o pagamento de pensão alimentícia. Obviamente, ambos têm de se ajustar a essa nova realidade financeira para evitar o endividamento.
a. Pouco conhecimento financeiro – O fato de as pessoas desconhecerem produtos financeiros é também determinante para que fiquem endividadas. Não conhecer o impacto que o pagamento de juros pode causar no orçamento pessoal e familiar e a não leitura dos contratos firmados são situações que contribuem efetivamente para o processo de endividamento.
b. Consequências do endividamento excessivo
O endividamento excessivo pode trazer sérias consequências financeiras e, até mesmo, morais. Como consequências financeiras do endividamento excessivo, podemos citar: perda de patrimônio,
comprometimento da renda com pagamento de juros e multas punitivas, redução do consumo futuro.

Eventualmente, se a dívida virar inadimplência, o indivíduo pode passar a ter o seu nome inscrito em um ou mais cadastros de restrição ao crédito, como Serasa ou Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC).No caso de quem emitiu cheques sem a suficiente provisão de fundos, o nome vai para o Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos (CECF). Uma pessoa que esteja com elevado grau de endividamento acaba, em geral, comprometendo sua qualidade de vida e de sua família, muitas vezes desestruturando o núcleo familiar. Tomar os cuidados para não cair no endividamento pode evitar esses dissabores financeiros e morais. Porém, se o superendividamento já é uma realidade, a opção é buscar alternativas para sair dele.

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